Rumos: um novo modelo de diálogo e colaboração

com a cena cultural brasileira

Ao invés de abrir editais específicos para cada área de expressão artística ou intelectual, como faz grande parte dos programas de patrocínio tradicionais no país, o novo Rumos assumiu caráter multidisciplinar oferecendo amplo campo de escolha, podendo um mesmo projeto ser apresentado em diferentes modalidades. Também inverteu a lógica dos programas de incentivo.  Os artistas definiram como pretendiam realizar a sua parceria com o Itaú Cultural, entre outros quesitos que anteriormente vinham pré-estabelecidos nos editais.

 

Com estas características, o Rumos procurou trazer um novo modelo de política de fomento ao país, ampliando formatos e dinâmicas. “Foi uma resposta do Instituto às transformações tecnológicas, de distribuição, de consumo e ao desejo de formação relacionada à emergência de novos paradigmas culturais”, diz Eduardo Saron, diretor do Instituto.

 

Um dos projetos que foge às regras normalmente pré estabelecidas nos editais brasileiros pode ser observada no trabalho PWS - Jingdezhen/CH, de Laerte Ramos, de São Paulo. O artista fará uma imersão de pesquisa e estudo na instituição chinesa The Pottery Workshop, situada em Jingdezhen, mundialmente conhecida como capital da Cerâmica, que produz tradicionalmente ha mais de 1.700 anos.

 

Outro contemplado, este do Paraná, que versa a pesquisa e, neste caso, a memória da cultura brasileira é o projeto Burla: divergências, contrastes e outros carnavais. Giorgia Barbosa Saidel desenvolverá um trabalho com os brasileiros Henrique Saidel, Mariana Bley e Elke Maravilha, além do norte-americano Julie Atlas Muz e o inglês Mat Fraser para analisar, articular, produzir e estimular a cena burlesca no Brasil, vinculando-a ao panorama internacional.

 

Entre os que foram selecionados na área de formação, está a Associação Redes de Desenvolvimento da Maré, do Rio de Janeiro. O seu projeto propõe a criação de uma escola livre de cinema. O curso desenvolvido pela própria comunidade e ali ministrado terá duração de 18 meses, e a graduação será o desenvolvimento e produção de um festival de cinema.

 

Em outra ponta, embora também do Rio de Janeiro, Guerrilheiras, de Gabriela Carneiro Cunha, investe nas artes cênicas para marcar a memória recente no país.  Com direção de Georgette Fadel, o espetáculo falará de oito mulheres que lutaram e morreram na guerrilha do Araguaia. Neste trabalho a pesquisa é realizada em campo. Cada atriz do elenco se deslocará até a cidade natal de sua personagem para depois partir sozinha percorrendo a trajetória feita há 40 anos pela guerrilheira que interpretará.

 

Um projeto de São Paulo que impacta pelo menos 15 capitais brasileiras é Ponto BR, de autoria de Marcelino Freire, escritor pernambucano residente em São Paulo. O objetivo é mapear autores que estão à margem da produção editorial por meio de encontros a serem realizados em Rio Branco, Maceió, Macapá, Manaus, Vitória, Goiânia, São Luís, Cuiabá, Campo Grande, Belém, Teresina, Porto Velho, Boa Vista, Aracaju e Palmas. O mapeamento ficará disponível em uma publicação virtual.

 

Hugo Lins, músico pernambucano, foi contemplado por A solidão do sol em cinzas do ar - Viola Nordestina, um projeto considerado inovador na área musical ao mesclar residência, pesquisa e criação. O trabalho que ele desenvolverá tem a viola nordestina como instrumento solista sobre a qual ele dedicará cinco meses para compor 10 músicas com este instrumento.

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