A OCUPAÇÃO
A MOSTRA EM NÚCLEOS
A curadoria da Ocupação Vilanova Artigas optou por apresentar a vida e obra do arquiteto em três núcleos: Arquiteto, Educador e Homem Público. A exposição mantém o espírito desta série idealizada pelo Itaú Cultural para fomentar o diálogo entre gerações, apresentando a vida, obra e o processo de criação de veteranos consagrados que servem de referência aos que despontam em todas as áreas de expressão
NÚCLEO ARQUITETO
Poesia com milhares de tijolos
A arquitetura de VilaNova Artigas reelabora, segundo o contexto e a potencialidade brasileiras das décadas de 1940 a 1960, e as tendências das vanguardas internacionais. De acordo com uma crítica estética e uma postura política humanista, desenvolve um estilo próprio, vigoroso e influente até hoje.
A produção do arquiteto – que abrange residências, edifícios, ginásios esportivos, escolas e conjuntos para habitação popular, entre outros – é caracterizada pela preocupação com os espaços de convivência, pelo uso da luz natural e de rampas – que possibilitam percursos fluidos, sem interrupções –, pela estrutura aparente e pela tentativa de integrar a obra à cidade – seja abrindo mão de grades, como no edifício Louveira, seja permitindo vistas panorâmicas, como no estádio do Morumbi.
Para Artigas, arte e técnica dialogam no duplo significado da palavra desenho – a representação de uma realidade e a exposição de um desígnio. Um projeto nasce da convergência entre linguagens artísticas e tecnológicas. Como também disse o arquiteto, em 1973: “Admiro os poetas. O que eles dizem com duas palavras a gente tem que exprimir com milhares de tijolos”.
NÚCLEO EDUCADOR
Arquitetura do ensino
O curso superior de arquitetura é algo relativamente recente no Brasil. Foi só no final dos anos 1940 – graças a um movimento no qual Vilanova Artigas desempenhou um papel de destaque – que a área deixou de fazer parte das matérias das Faculdades de engenharia.
Atuando como professor desde que se graduou – como engenheiro-arquiteto, em 1937 –, Artigas foi um dos responsáveis pela fundação, em 1948, da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo (FAU/USP). Nos anos 1960, o projetista ainda deu forma ao atual prédio da instituição, hoje sua obra referencial, e propôs uma ampla reforma para a grade curricular do curso – adotada posteriormente por escolas de todo o país.
Membro do Partido Comunista Brasileiro (PCB), o arquiteto esteve constantemente na mira da ditadura militar e foi afastado das salas de aula em várias ocasiões. O processo que recebeu em 1969 aboliu por 10 anos o seu direito de lecionar: em 1979, de volta à FAU, Artigas teve que reassumir com o cargo de auxiliar de ensino. Só retomou a posição de professor titular ao prestar, a contragosto, um concurso em junho de 1984 – sete meses antes de morrer.
NÚCLEO HOMEM PÚBLICO
Participar do destino da nossa cultura
Simultaneamente arquiteto, professor e intelectual público, Vilanova Artigas tem uma biografia marcada por um pensamento transversal sobre como se colocar criticamente frente à história e aos vários contextos nos quais convivemos: a casa, a cidade e o país; a profissão, o aprendizado, a política.
Nesse sentido, há, além da obra arquitetônica, dois campos de atuação principais. De um lado, Artigas era articulador de instituições – entre outras, foi um dos fundadores da seção paulista do Instituto Brasileiro de Arquitetura (IAB). Além disso, atuava no Partido Comunista Brasileiro (PCB) e sua casa era um ponto de encontro e de debate para referências da esquerda.
Como se lê em um discurso aos formandos de arquitetura da Universidade de São Paulo (USP), Artigas se incluía entre os intelectuais cuja moral assenta sobre a responsabilidade que têm de tomar parte na elaboração do destino de nossa cultura.
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