OS LIVROS
RELEASE
O legado arquitetônico de Vilanova Artigas em nova publicação
Com pesquisa iconográfica realizada pela filha do arquiteto Rosa, e de imagens por Marco Forti, o neto, a obra traça um panorama da produção de um dos principais nomes da arquitetura brasileira que completaria 100 anos em 2015; o livro é lançado no Itaú Cultural dentro da programação paralela organizada pelo instituto para acompanhar a Ocupação Vilanova Artigas, em cartaz na casa e integrada às comemorações do centenário do arquiteto
No primeiro dia julho, às 21h, o Itaú Cultural promove o lançamento de Vilanova Artigas (Terceiro Nome, 2015). Com autoria de Rosa Artigas e coautoria de Marcos Forti, o livro oferece pistas para a trajetória do arquiteto que lhe dá nome, por meio da publicação de 43 projetos, realizados por ele, incluindo os não executados feitos para o concurso do Plano Piloto de Brasília e a proposta de reurbanização do Vale de Anhangabaú. A partir de fotografias atuais e antigas, além de desenhos originais feitos pela mão do próprio arquiteto, a obra remonta o percurso de João Batista Vilanova Artigas. No mesmo dia, do lançamento, às 20h, o arquiteto Paulo Mendes da Rocha inicia uma série de encontros com convidados do instituto para, durante o período de exibição da mostra Ocupação Vilanova Artigas, discutir a sua vida, obra e a arquitetura contemporânea
Artigas é um homem do breve século XX. Nasceu durante a Primeira Guerra Mundial e faleceu antes da queda do muro de Berlim. Partindo destas premissas, Rosa, historiadora e filha do arquiteto, após cinco anos de pesquisas nos acervos do pai, teve a ideia de mostrar os projetos sob o viés histórico. A abordagem transforma este livro na história de uma arquitetura e de sua linguagem, o desenho, temas caros à produção teórica de Vilanova Artigas.
Nascido em Curitiba e radicado em São Paulo, ele deixou a sua marca em grandes obras que guardam a memória de sua passagem pela capital paulista. Entre elas, o Edifício Louveira, no bairro de Higienópolis; e o Estádio do São Paulo Futebol Clube no bairro do Morumbi (1952). Ainda se destaca o prédio da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo (FAU-USP). No livro, somente os dois planos urbanísticos, o concurso do Plano Piloto de Brasília e a proposta de reurbanização do Vale de Anhangabaú, não foram executados e integram a seleção apresentada.
Os projetos feitos a lápis nos anos 1940, por exemplo, revelam uma improvável modernidade com sabor artesanal, evidência da contradição entre a ideia, a linguagem e os meios de fazer típicos da modernidade no Brasil. Para sugerir essa leitura e assinalar a apresentação do material histórico, o projeto gráfico tratou os desenhos deixando visíveis as marcas do tempo.
As obras foram organizadas por tipo de programa – casas, apartamentos, escolas, edifícios comerciais e institucionais, conjuntos habitacionais, planos e equipamentos urbanos – dispostas em ordem cronológica dentro de cada tema.
A forma como os projetos estão apresentados possibilita revelar com mais clareza os pontos de inflexão, as continuidades e as retomadas de caminhos a partir da análise de objetos construídos em condições semelhantes quanto a dimensões, ao uso, aos meios técnicos e à relação com o entorno construído, considerados na obra de um único arquiteto.
Vilanova Artigas
Nasceu em Curitiba em 23 de junho de 1915. Mudou-se para São Paulo e se formou arquiteto na Escola Politécnica da USP, em 1937. Foi fundador da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo, em 1948, na qual liderou, mais tarde em 1962, um movimento para a reforma de ensino que influenciou outras faculdades de arquitetura no Brasil.
Foi membro do Partido Comunista e militante de movimentos populares e, por isso, perseguido pela ditadura militar. Foi cassado em 1969 por força do AI-5. Sua obra foi duas vezes premiada internacionalmente (Prêmio Jean Tschumi - 1972 e Prêmio Auguste Perret – 1985, este póstumo.). Sua maneira de projetar segue influenciando arquitetos até hoje e por isso foi reconhecida, por alguns críticos, como uma verdadeira escola, a chamada "Escola Paulista". Dentre os 700 projetos que produziu durante sua carreira, destacam-se: Edifício da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo; o conjunto Habitacional Zezinho Magalhães Prado, em Guarulhos; o Estádio do Morumbi; o Edifício Louveira, clubes; sindicatos; edifícios, apartamentos e casas.
O Centenário Artigas é uma parceria cultural do instituto com a família do arquiteto e tem ações patrocinadas pelo Banco Itaú, como o site criado para comemorar a efeméride, o documentário e a edição pela Terceiro Nome dos livros Vilanova Artigas e A mão livre do vovô.
A autora
Rosa Camargo Artigas é historiadora, formada pela Faculdade de Filosofia Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo. Trabalhou como organizadora dos seguintes livros: Paulo Mendes da Rocha v.1 (2000), Cosac & Naify; Arquiteto João Walter Toscano (2002), Editora da UNESP; Caminhos da Arquitetura (2004) Cosac & Naify; Paulo Mendes da Rocha v.2 (2007) Cosac & Naify; Caminhos do Elevado – Memória e Projetos (2009), IMESP/SEMPLA. Foi curadora de várias exposições nacionais e internacionais. Possui artigos e textos publicados em livros, revistas e catálogos nacionais e estrangeiros.
O coautor
Marco Artigas é arquiteto formado em arquitetura pela Escola da Cidade, em 2006 e pós-graduado pela Universitat Politècnica de Catalunya (Barcelona), em 2009. Entre 2010-14 integrou a equipe do escritório Piratininga Arquitetos Associados, e participou de projetos como: Biblioteca Mário de Andrade, Praça dos Museus da USP e Instituto de Tecnologia de Desenvolvimento Sustentável da Vale do Rio Doce, esses dois últimos projetos em colaboração com o arquiteto Paulo Mendes da Rocha. Trabalhou no escritório Josep Ferrando Architecture (Barcelona), participou de estágio no Centro de Tecnologia da Rede Sarah (Salvador-Bahia), com o arquiteto João Filgueiras Lima (Lelé). Foi professor assistente na disciplina de Projeto para o primeiro ano na Escola da Cidade, das turmas de 2011-12. Atualmente está à frente de seu próprio escritório e coordena o curso livre "Arquitetura Paulistana".
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