Várias exposições sobre a obra construída de Oscar Niemeyer foram feitas por ele próprio ou por outros curadores. O propósito de Clássicos e Inéditos é diferente. Sem descartar o registro de um percurso que, por vezes, se confunde com aquele da arquitetura do século XX, o objetivo aqui é revelar projetos inéditos que, por vários motivos permaneceram no papel e são trazidos ao público por um extenso trabalho de pesquisa e digitalização de originais, tornados possíveis graças à cooperação entre a Fundação Oscar Niemeyer e o Itaú Cultural.

 

 Importante destacar a antecipação com a qual Oscar Niemeyer previu ainda no início dos anos quarenta, o esgotamento ao qual o uso estrito do racionalismo, com a função tendo absoluto predomínio sobre a forma, conduziria a arquitetura. Um segundo ponto foi o da liberdade em procurar alternativas para este impasse que fossem coerentes com os avanços construtivos e com os princípios de uma nova estética modernista, que ele, brasileiramente, o fez bebendo em fontes consideradas antagônicas em sua origem, como algumas obras do jovem Mies van der Rohe e outras de Le Corbusier.

Através do domínio estrutural de uma tecnologia de concreto armado, Niemeyer criou uma revolução de formas, a um só tempo regional e internacional. Para fazê-lo propôs uma fusão absoluta entre estrutura e arquitetura. Uma vez executada a primeira, a segunda estava pronta. Esse caminho levou-o a uma depuração e síntese dos elementos de suas construções. Este fato teve um efeito direto na recepção de seu trabalho, cujas formas passaram a ser, imediata e facilmente, apreendidas por todos e não apenas por especialistas.

 

A exposição é, também, uma homenagem ao arquiteto que inventou um jeito de caminhar num percurso único, impossível ou, no mínimo, desaconselhável de ser transposto de modo literal; já a sua postura estabelece um exemplo a ser seguido, no ofício, no exercício de cidadania e na exploração das possibilidades de inovação dentro da tecnologia possível na época e lugar de cada um. É esse legado que pretendemos celebrar.

 

Lauro Cavalcanti

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